Angola vai realizar amanhã sua primeira eleição desde 1992, quando o presidente José Eduardo ganhou no primeiro turno, derrotando Jonas Savimbi.Desta vez, porém, serão eleições parlamentares destinadas evidenciar que o país vai-se distanciando irreversivelmente das turbulências da guerra civil e vive um momento de expansão econômica.Não há risco para o MPLA , partido no poder desde a independência em 1975 mas ,de todo modo, será interessante verificar o grau de abertura política que ocorre depois da bonança do petróleo.
Angola tem hoje uma influência internacional sem precedentes graças à demanda por seu petróleo, um dos poucos que não apresenta uma geografia perigosa e um quadro político complicado.O governo de José Eduardo dos Santos sairá destas eleições fortalecido em termos de sua influência regional e sua política externa. O país é um dos mais promissores da África pois ,além do petróleo, tem uma população pequena, terras excelentes e boa aceitação internacional.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
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2 comentários:
Prezado Lampreia,
Não resta a menor dúvida que o MPLA e o seu presidente José Eduardo dos Santos serão os grandes vencedores destas eleições.
Pode ser que o MPLA alcance nesta eleição entre 70 e 75% das 220 cadeiras da Assembléia Nacional. Hoje possui 129 (53,7%) e a UNITA, principal partido de oposição, 70 (34,1%). Uma plêiade de outros partidos (8) ocupam as demais cadeiras.
Certamente a UNITA será a grande perdedora. Vamos ver.
Ainda está longe de se alcançar uma abertura política nos moldes concebidos nos países desenvolvidos e mesmo aí no Brasil. A questão da liberdade de expressão ainda é bastante limitada com uma presença muito forte da imprensa oficial.
O grau de transparência governamental e a própria qualidade da governação é ainda muito baixa.
A hegemonia do executivo, e os poderes presidenciais são muito destacados.
O perfil da oposição ainda não está claro. O fato da UNITA ter sido derrotada na guerra civil, na minha percepção, dificulta-lhe este papel. É patente a ausência de uma liderança a exemplo daquela exercida por Jonas Savimbi.
O principal é que com essas eleições chega ao fim o Governo União e Reconstrução Nacional, que reunia no Executivo representantes dos partidos políticos com assento na Assembléia Nacional, como consequência dos Acordos de Paz.
A partir de agora o presidente Eduardo dos Santos poderá constituir um novo ministério de acordo com os interesses políticos e estratégicos do seu partido, o MPLA.
Muito provavelmente haverá alterações na Constituição de modo a refletir o novo equilíbrio de forças e as necessidades de se institucionalizar o País para os tempos futuros.
De destacar a tranquilidade absoluta em que se desenvolve este processo eleitoral, afastando algumas preocupações de parte da população sobre a possibilidade de ocorrer o mesmo acontecido em 2002, quando Jonas Savimbi, líder da UNITA, não aceitou os resultados preliminares do primeiro turno e se retirou de Luanda e retomou com suas ações militares de forma violenta e contra a população civil da cidade.
Escrevo a partir de Luanda, onde resido desde 2006, neste dia da eleição e que, às 09h15, transcorrem com uma normalidade absoluta.
Saudações,
Hélio Mauro França
Muito obrigado por seu comentário
muito preciso e interessante
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