sábado, 28 de junho de 2008

Argentina:ainda más notícias

A economia argentina continua sendo pródiga em más notícias.O risco país subiu para 606 pontos o maior dos últimos três anos.A dívida externa cresceu no momento em que inicia um período particularmente pesado de amortizações.O saldo comercial caiu 23% em maio com relação ao mesmo mês de 2007.
Tudo isto indica que as perspectivas de crescimento a longo prazo são fracas e que os investimentos externos , desencorajados pela insegurança jurídica vigente, vão continuar escassos.À falta de melhores indicadores, já começa a surgir no horizonte o espectro de novo default argentino.

Terceiro mandato?

A decisão da Suprema Corte colombiana de por em dúvida a reeleição do presidente Uribe é curiosa, tendo decorrido dois anos de mandato.A reação de Uribe de pedir um referendo para legitimar sua eleição de 2006 é também peculiar.
Parece ser que o presidente colombiano ,do alto dos seus 70% de aprovação popular, quer dar uma demonstração de força , pavimentando o terreno para um terceiro mandato mais adiante.As vitórias sobre as Farcs e os bons resultados econômicos devem ter subido à cabeça de Uribe ,instalando nele a perigosa síndrome do terceiro mandato, que já destroçou Fujimori e Menem.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ruth Cardoso

Com a morte de Ruth Cardoso, o Brasil fica mais pobre.Intelectual generosa que não se encerrava em torres de marfim ,mas buscava sempre a ação em favor das comunidades mais desfavorecidas, fina analista da política brasileira e discreta conselheira de muitos de seus participantes , esposa e mãe , amiga dos amigos- Ruth era uma mulher especial.Foi um grande privilégio ter convivido com ela por quase quinze anos.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O impasse se agrava na Bolívia

A forte margem de aprovação do sim à autonomia em Tarija consolida a posição das três outras províncias que já haviam votado nesse sentido.Como a repartição dos recursos fiscais ocupa um papel central na discussão sobre autonomia, Tarija adquire uma importância especial já que é a província de maiores reservas e produção de gás natural( 85%).
Evo Morales enfrenta agora uma situação complicada pois as quatro províncias orientais manifestaram maciçamente seu desejo de sair do regime unitário que a Bolívia adota , embora não de criar uma secessão.Nada indica que o impasse constitucional possa ser superado a curto prazo pois nenhuma das duas partes parece inclinada a abrir mão de suas posições.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Brasil senta na OPEP pela primeira vez

Esperava-se que a Arábia Saudita- do alto de suas reservas de mais de 200 bilhões de barris-aumentasse sua produção e aliviasse a pressão que existe atualmente sobre os preços.Com uma folga de apenas 1 a 2 milhões de barris por dia- num mercado de mais de 80 milhões- qualquer variação na oferta repercute nos preços.
Mas não , o anúncio foi de um aumento tão pequeno que será anulado por restrições à oferta nigeriana em razão de ataques a instalações petrolíferas por forças irregulares.A montanha pariu um rato
Assim sendo, o aspecto mais interessante da reunião da OPEP no fim de semana passado foi a presença brasileira - pela primeira vez.Para quem viveu os dias difíceis dos anos 70 , em que a Brasil importava 80% do seu petróleo e foi confrontado com o choque do petróleo, é muito bom ver nosso representante sentado nessa mesa.

Preços de petróleo

Com a alta desenfreada dos preços , está vindo à tona com força crescente uma tendência para acusar a especulação como responsável pela forte alta dos preços do petróleo.
Calcula-se que hoje o comércio de petróleo físico seja uma parcela decrescente do total,à medida que os investidores negociam cada vez mais com contratos futuros e derivativos. É lógico, a meu ver, que estes movimentos especulativos alavancam os preços.Entretanto, muitos analistas,inclusive Alan Greespan em seu recente livro,afirmam são basicamente as forças convencionais da oferta e demanda que regulam os movimentos de preços do petróleo.
Ontem ,Barack Obama anunciou um plano que visa a aumentar a regulação dos negócios especulativos com petróleo, filiando-se assim à corrente de julga ser indispensável maior controle público .Creio que este movimento vai crescer nos Estados Unidos ,à medida que a elevação dos preços atinge cada vez mais fortemente a populaçaõ.Em ano eleitoral, os políticos não podem mostrar-se desatentos.

A pobreza aumenta na Argentina

A manipulação dos dados sobre a inflação repercute também nas medições sociais da Argentina.Os dados oficiais calculam em 20.6% a porcentagem da população abaixo da linha de pobreza, no primeiro trimestre de 2008.
Fontes privadas ,porém, descrevem uma situação bem diferente.Calculam que, no mesmo período, a forte alta dos preços levou a 30% a parcela da população vivendo na pobreza. Esta evolução certamente está tendo forte impacto negativo sobre a popularidade da presidente Fernandez de Kirchner.
De todo modo ,é triste que um país tão próspero no passado ,quando a taxa de pobreza era inferior a 10%, esteja agora regredindo ,mais uma vez pela incompetência de seus dirigentes.

domingo, 22 de junho de 2008

Mugabe é a vergonha da África

Com a retirada da candidatura de Morgan Tsvangirai, chega ao desfecho uma das mais vergonhosas eleições do tempo presente.Robert Mugabe,há 28 anos no poder no Zimbábue , não tem mais rivais e pode-se considerar re-eleito no segundo turno.
Isto ocorre no momento em que o Zimbábue sofre uma verdadeira destruição de sua economia, com hiperinflação,desabastecimento e pilhagem de propriedade privada-o que levou Mugabe a perder o primeiro turno malgrado todas as manipulações a seu favor.
O segundo turno havia-se tornado uma farsa já que Mugabe anunciou cada vez mais claramente a repressão ao partido opositor,cujos apoiantes foram caçados e agredidos da forma mais bárbara.
Mugabe é a vergonha da África.Sua permanência no poder é uma afronta a todos os princípios morais e políticos do mundo contemporâneo.

redução de subsídios aos combustíveis

A China elevou em 18% o preço da gasolina e do diesel , através de forte redução nos subsídios.A medida faz parte de de uma tendência crescente entre países emergentes causada pela forte elevação dos preços de petróleo e já foi adotada por Taiwan,Indonésia e Malásia.Será que o Brasil vai ter que entrar nessa linha?
Não há porém expectativa de que as reduções dos subsídios tenham grande impacto sobre os preços mundiais uma vez vez que a forte elevação do consumo nos países asiáticos -uma das principais pressões sobre a demanda global- deve continuar ,com os aumentos de renda e a expansão da classe média consumidora.

Questão de segurança nacional?

Pela primeira vez desde a década de 70,há uma confluência entre preços recorde de petróleo e alimentos.O Financial Times de ontem, dia 20, afirma que os países ocidentais já aumentaram sua preocupação, classificando a crise atual como questão de segurança nacional .Temem que os altos custos de energia e produtos agrícolas estão desestabilizando países emergentes fundamentais como China, India,Indonésia,Malásia e Vietnam.
Vamos ver se,além de aumentar sua preocupação, os países mais ricos do mundo , inclusive os grandes produtores de petróleo do Golfo Pérsico, tomam alguma medida concreta para reduzir as pressões sobre os preços.Deveriam reduzir subsídios agrícolas, por exemplo,uma vez que eles distorcem o comércio internacional e encarecem os produtos.Mas aí vão achar mais difícil.

sábado, 21 de junho de 2008

A maioria está dando certo

Brasil, Chile , Peru, Colômbia e Uruguai formam o grupo de países sul-americanos que progridem por que implementam políticas econômicas sensatas e compatíveis com os padrões mundiais de boa governança.
Ontem,por exemplo, a agência Moody´s elevou o “rating” da Colômbia, citando o forte crescimento econômico de 7,5% no ano passado,a retomada da confiança dos investidores e a recuperação da demanda doméstica.O país reduziu sua dívida líquida para apenas 28% do PIB em 2007 e pretende chegar a um déficit orçamentário de apenas 1,4% do PIB.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O labirinto de Cristina Kirchner se aprofunda

O instinto do casal K é sempre o de partir para a briga.Mesmo estando com apenas 20% de aprovação,com uma inflação alta que o governo mascara,com um déficit energético grave,com
uma dívida externa pesada e com um quebra nas exportações agrícolas por causa da greve ( cada ítem por si já abalaria qualquer governo), a presidenta Cristina saiu-se ontem com um discurso abrasivo em comício organizado para dar-lhe alento político.Conciliação,negociação, busca de compromissos são palavras que não existem no dicionário dos Kirchner.
Muitos acham que a descida da ladeira já se tornou inexorável e acelerada.Pessoalmente, acho que ainda não chegou a fase dos últimos capítulos do kirchnerismo mas que o navio está no rumo do iceberg, lá isso está.

aos leitores fiéis

Queria pedir desculpas por esta ausência de quinze dias.Estive na Europa a trabalho.Mas o blog
vai ser retomado de novo com vigor a partir de hoje.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Com Hillary ou sem ela

Barack Obama deve estar vivendo um dilema:convidar Hillary para sua chapa como vice ou não? Normalmente os vice-presidentes não fazem muita diferença nos Estados Unidos mas agora há uma situação especial.
Depois do dia de seu triunfo ,em que Hillary nem sequer mencionou seu nome nem muito menos o cumprimentou,Obama deve ter sentido como é amplo o fosso que os separa.Caso eleito, ele teria que conviver na Casa Branca não apenas com uma Hillary poderosa e intrusiva mas também com Bill- uma dupla de enorme peso- o que poderia ser no mínimo desconfortável para um político inexperiente cujo maior desafio será mostrar-se capaz de um grande executivo nacional.
Por outro lado, Hillary teve quase o mesmo número de votos,ganhou nos estados mais importantes e tem a simpatia de vários grupos de eleitores que não simpatizam com Barack.Como não usar estes enormes trunfos numa campanha duríssima?
As duas hipóteses têm seus riscos.Creio que ,hoje, Barack prefere não ter Hillary na sua chapa.

Crise alimentar mundial

Os alimentos geneticamente modificados, que tanta polêmica provocaram, podem ser uma das melhores maneiras de aumentar a oferta mundial de alimentos.No momento , está em discussão a elevação dos preços internacionais e mesmo a sustentabilidade do modelo agrícola atual, com prognósticos por vezes muito preocupantes sobre a fome nos países mais pobres.Surge assim uma oportunidade de rever o papel da ciência no aperfeiçoamento de espécies vegetais.A discussão apaixonada que se travou há poucos anos atrás talvez dê lugar agora um exame mais pragmático do benefício que as modificações genéticas podem aportar à produção agrícola mundial.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A presidente Cristina em seu labirinto

Pesquisa de opinião pública realizada em 77 cidades argentinas deu à presidente Cristina Fernandez de Kirchner uma taxa de aprovação de apenas 19.4% e uma rejeição de 55.8%.
Enquanto isso as más notícias se acumulam.
O conflito no campo tende a deteriorar-se e aparecem alguns maus indicadores sobre a atividade econômica.O governo iniciou ,segundo La Nacion, uma renovada investida contra os produtores agrários até agora sem resultados.
Por causa de déficit energético,a Argentina suspendeu o envio ao Uruguai de 250 megawatts de energia elétrica .
Por outro lado, o ministro da Energia da Bolívia anunciou que, em virtude do déficit da produção ,estará enviando apenas de 2,5 e 4 milhões de metros cúbicos à Argentina em lugar dos sete milhões contratados.

Obama triunfante

Obama chegou sem fôlego ao final das primárias.Tendo iniciado em janeiro como um fenômeno de apelo universal,não conseguiu convencer vastos segmentos do eleitorado- como as mulheres,os idosos, os operários de menor renda - e perdeu na maior parte dos estados importantes para Hillary.Sofreu o episódio muito negativo do seu pastor ,o reverendo Wright, que deu um triste espetáculo de xenofobia .
Porém , é o candidato democrata.A força messiânica de sua oratória, sua juventude, seu carisma e a devoção de seus apoiantes são as principais armas com que conta na campanha contra John McCain. Creio que será indispensável para ele contar com o apoio engajado de Hillary Clinton.Ambos se completam.Se estiverem juntos representarão uma força política fortíssima.
Obama sabe disso e cobriu Hillary de elogios em seu discurso da vitória.Por sua vez a sra. Clinton ,com sua relutância, já mostrou que vai cobrar um preço alto.Será a vice presidência?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Aprofunda-se a divisão na Bolívia

Novo referendo sobre a autonomia provincial - em Beni e Pando- deu um resultado favorável de 80% dos votos.A fórmula nessas duas províncias é menos ambiciosa do que a de Santa Cruz mas ,ainda assim, vai no mesmo sentido de romper a supremacia de La Paz , especialmente em matéria tributária.Fica reforçado o peso da oposição em sua luta contra o sistema unitário que governa a Bolívia e ,sobretudo, contra o governo de Evo Morales.
Continua a não haver diálogo pois o governo de La Paz proclama a ilegalidade e o caráter não vinculante dos referendos.Aprofunda-se o fosso que separa o altiplano da planície.