domingo, 2 de março de 2008

Recaída

O coronel andava muito comportado.Até tinha advertido alguns “aloprados” de seu partido para não cometerem excessos.De repente , lá vem novo surto: manda o exército venezuelano para a fronteira da Colômbia com dez batalhões e blindados.Por que? A alegação é que a Colômbia atacou as FARCs na fronteira do Equador (a centenas de milhares de quilômetros da Venezuela) e matou “ um bom revolucionário” , Raul Reyes, um dos mais importantes chefes da organização clandestina.
A realidade ,na verdade , é outra.Trata-se de um expediente velhíssimo: arranjar um inimigo externo para fortelecer uma posição interna enfraquecida.Depois da derrota no referendo, das más notícias econômicas e do bloqueio dos bens da PDVSA, o coronel precisava de um tônico político.Aí as FARCs libertam alguns sequestrados e Chavez se arvora em benfeitor.Agora , joga com os sentimentos anti-colombianos históricos na Venezuela para fazer rufar os tambores da guerra.
E o governo brasileiro que vai fazer? Espera-se que não mande rezar missa por Raul Reyes nem dê mostras de compreensão ao coronel.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ministro,

parabéns pelo excelente blog.

Um grande abraço,

Thiago de Aragão

www.thiagodearagao.wordpress.com

Anônimo disse...

Parabéns pela iniciativa do blog! Para contribuir com o debate, um comentário:

A ação colombiana no Equador e a reação da Venezuela comprovam a instabilidade política na região andina. Além da possibilidade de uma escalada militar, o episódio, ao confirmar a presença de novos atores no centro do conflito entre a Colômbia e as FARC, ganhou uma dimensão continental. A sombra da influência norte-americana no episódio também é um agravante.

De um lado, o exercício do direito de perseguição, por parte da Colômbia, cria um precedente polêmico para operações semelhantes em países vizinhos. De outro, a presença de paramilitares colombianos no Equador e a reação da Venezuela ao episódio levantam suspeitas de um possível apoio dos governos à guerrilha. Somadas à crescente militarização da região, essas hipóteses devem preocupar.

Do governo brasileiro, alguma ação é esperada. Na atual circunstância, o tradicional distanciamento do país em relação ao conflito colombiano é uma opção arriscada, seja pelo conflito potencial próximo ao território nacional, seja pela ameaça de desequilíbrio de poder na região.

Há poucos meses, aliás, o governo Lula lançou a idéia de se criar um Conselho Sul-Americano de Defesa. Se for confirmada, será a primeira iniciativa concreta da diplomacia brasileira para tratar da crescente instabilidade na região.